4.1.08

Sonhando Acordado

Eu fui uma das milhares de pessoas que se apaixonaram pelo Michel Gondry depois de ter assistido Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças, não tenho o menor pudor de dizer. Depois desse filme - e de ter achado a direção fantástica, já que o roteiro era do Charlie Kaufman - procurei outros trabalhos do titio francês e passei a admirá-lo ainda mais. O cara é bom mesmo.

Quando soube do seu último filme, com Gael García Bernal e tratando sobre sonhos, tive faniquitos. Uau, uau. Ontem finalmente consegui assisti-lo...

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... e me decepcionei. A última coisa que eu esperava era não gostar. Quero dizer, eu gostei, pero no mucho. Fui pesquisar por aí o que outras pessoas acharam, descobri que sou minoria chinfrim. Portanto, minha opinião pode não ser de muita valia para você. Vou me resumir à história do filme por enquanto.

Trata-se do jovem e inventivo Stéphane Miroux (Bernal), um mexicano de mãe francesa que se muda para o país materno após a morte de seu pai. Em Paris, descobre que o emprego e os colegas que lhe arranjaram não eram exatamente o esperado e se apaixona por sua vizinha, Stéphanie (Charlotte Gainsbourg). Até aí, nada de surpreendente, exceto que o filme é falado em três línguas.

O atrativo da história é que Stéphane mistura a realidade com os sonhos, além de utilizá-los como válvula de escape para os seus medos e fantasias (sim, ele os manipula). Os cenários oníricos (e são vários e vários) são todos feitos em stop motion e com técnicas antigas, como papel celofane e algodão. Visualmente excêntricos e bonitos. Os cacarecos que Stéphane cria são adoráveis também.
(Vou parar por aqui pra não soltar spoilers)

Disseram que o filme é fofíssimo sem ser açucarado demais, que é uma das melhores histórias românticas modernas contadas, que "pegou lá no fundo". OK, fiquem à vontade para acharem isso, mas penso exatamente o contrário. Não achei tão fofo, nem tão romântico, nem me pegou no fundo ou no raso. Não é para qualquer tipo de espectador, ou para ser assistido sem prestar muita atenção. É bonito, sim, é complexo, sim, é Gondry, sim. Mesmo assim, não surtiu efeito algum em mim além do mediano.

Estou frustrada, de verdade. Me pareceu uma coletânea de trabalhos anteriores - o que poderia ser muito bom - que acabou sendo um mais do mesmo sem muito tempero ou liga.

Devo estar azeda, sobretudo.
(mas louca para assistir A Natureza Quase Humana, o primeiro filme dele!)

ficha técnica
título: La science des rêves (2006)
duração: 105 minutos
direção: Michel Gondry
roteiro: Michel Gondry

avaliação:

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