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críticas de filmes por pessoas que simplesmente gostam de filmes, oras!

Sunset Blvd




Quando pensei em um filme para representar todo o meu amor pelo cinema, o primeiro que me veio a cabeça foi Crepúsculo dos Deuses (Sunset Blvd, de 1950).

Assisti pela primeira vez sem saber muito sobre o que se tratava. João, meu marido, vivia dizendo que tinha uma narrativa parecida com – para mim um filme bem meia boca - Beleza Americana (American Beauty, de 1999). A semelhança é: os personagens principais, e também narradores de suas vidas, estão mortos antes do primeiro minuto do filme se completar.

Joe Gillis é um escritor falido na Hollywood dos anos 40. Vive perseguido pelas finanças e, num golpe do destino, vai parar na gararem de uma velha mansão semi-abandonada. A trama se desenrola e ele acaba conhecendo a dona da mansão – uma velha diva do cinema mudo. Diva mesmo. Diva em tudo o que uma diva pode e deve ser. Ele, como a maioria das pessoas, não a reconhece. Sabendo de sua habilidade como roteirista a diva pede-lhe que transforme seu script em um roteiro fabuloso. Ela deseja fazer sua volta triunfal ao cinema; e ele imagina que pode tirar algum dinheiro da situação. E assim corre o filme – ela sendo louca, ele sendo canalha. Se a velha louca não fosse uma verdadeira diva do cinema mudo – Gloria Swanson – no papel de Norma Desmond o filme não seria o espetáculo que é. E é nela que reside a minha paixão.

Atrizes do cinema mudo quase não piscam e a expressão corporal deixa claro que cada movimento é precisamente calculado. É uma coisa linda de se observar. Além disso, tratando sobre a decadência das velhas atrizes que vivem das glórias passadas, é preciso muita coragem para uma atriz encarnar alguém que tanto tem a ver com a própria história. Definitivamente o papel que eu faria se fosse atriz. Norma é louca, apaixonante, excelente atriz, e eu vivo dizendo que envelhecerei como ela - para terror do João. A cena em que os estúdios ligam para sua casa querendo pedir emprestado seu velho cadilac para uma produção e ela acredita que é um pedido de retorno para um grande papel em um grande filme é de cortar o coração. Ela se apaixonando desesperadamente por Joe Gillis enquanto ele tenta desesperadamente fugir dela é triste. A cena final, na escada da casa, deixa claro que jamais se farão divas como as de antigamente, e é de querer levantar do sofá e aplaudir. Bravo.

O filme tem aspectos bem interessantes: no caso o mordomo da Norma que era um velho diretor consagrado de cinema apaixonado e devoto, realmente era um velho diretor consagrado que já havia dirgido a atriz Swanson em outros filmes. Durante uma cena passada no natal, os personagens presentes na banda – no salão onde Valentino dançou – também foram alguma coisa no passado e depois descartados pelas novas regras de filmes pós-cinema mudo. É triste. É de partir o coração. E é sensacional.

Não pensem que vocês terão que baixar esse filme e que ele é dificil de encontrar. Esse filme está à venda em qualquer Submarino ou Lojas Americanas da vida – e não é nada caro. Eu recomendo de coração e confesso que personifico Norma Desmond sempre que assisto ao filme. E, rapaz, vira e mexe estou assistindo a ele. Filmão. Filmaço. Bate coração. Tum. Tum.

Ficha técnica:

Título: Sunset Blvd, 1950.
Duração:110 min.
Direção: Billy Wilder.

Avaliação:
 
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