Então, comigo era mais ou menos assim em relação à Buffalo 66.
Duas grandes amigas minhas são fãs do Vicent Gallo, eu já havia lido muito sobre o filme, sobre sua história e de como era isso e aquilo.
Eu ainda não tinha assistido não por falta de interesse, e sim por falta de oportunidade. Um dia tomei coragem, cacei o filme, baixei e passei alguns meses arrumando uma legenda feita muito porcamente.
E por isso aproveito a deixa pra pedir pras pessoas que disponibilizam legendas porcas na internet, tenham vergonha na cara. Traduzir as falas em tradutores virtuais e não conferir a sincronia chega a ser ultrajante. É, isso mesmo.
Mas enfim, vamos ao mais importante: Billy Brown.
Billy é um herói. Ao decorrer do filme ficava me perguntando como ele ainda não havia enlouquecido.
Billy é um rapaz que acabou de sair da cadeia e vai visitar os pais. O problema é que seus pais pensam que ele estava trabalhando em outra cidade, havia se casado e tinha uma vida bem-sucedida. Seus pais são figuras peculiares, a mãe uma doente por futebol americano que passa boa parte do tempo revendo jogos em que o time local perdeu. E seu pai... bom, além de um avarento muito cruel, ele faz pouco caso de tudo relacionado ao filho.
Menos à sua esposa. Esposa? É, Billy seqüestra uma dançarina e pede para que ela finja que são casados, apaixonados e felizes.
Por vários minutos, essa visita (que é mais uma tortura) parece interminável e difícil de suportar. Com a ajuda alguns flashbacks, fica pairando a dúvida de porque Billy dá tanta atenção aos pais sendo que eles mais parecem lunáticos.
E com um desses flashbacks, ficamos sabendo porque Billy foi preso. E qual é seu objetivo ao sair dali.
Assim como Layla – ou “Wendy Balsam”, seu nome na farsa do casamento – a dançarina seqüestrada, criamos uma espécie de ternura e identificação com Billy, que é incompreendido, azarado e cheio de traumas. E mesmo depois de liberada, ela ainda o segue e o ajuda.
O filme é cheio de méritos e interpretações perfeitas.
Bem Gazzara e Angélica Huston como os pais de Billy, as pequenas e intensas participações de Mickey Rourke e Rosanna Arquette.
Christina Ricci quando ainda era uma gordinha sexy, andando pra lá e pra cá com sua roupa e sapatos de dançarina. E sua perfomance no meio do filme é estranha, mas simpática.
Vicent Gallo é perfeito na impaciência de Billy. E a dificuldade (que todos temos) de ir ao banheiro quando não se está em casa.
E agora, eu orgulhosamente faço parte daquela turma que olha em estado de choque pra alguém que nunca viu Buffalo 66 e o manda correndo pra casa assistir.
Porque vale a pena.
ficha técnica
título: Buffalo 66, 1998
duração: 109 minutos
direção: Vicent Gallo
roteiro: Vicent Gallo
avaliação: