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críticas de filmes por pessoas que simplesmente gostam de filmes, oras!

um novo embalo.


voltando de viagem e me sentindo culpada por deixar a pastinha de filmes abandonada pra me entregar aos prazeres de seriados, volto ao pipoca com duas surpresas.
tá, mentira, nem é surpresa, mas vi dois filmes esse final de semana que me surpreenderam.


um deles, escolha minha.
há vários finais de semana via ele com a etiquetinha de "super lançamento", e o nome dos atores e o título me chamavam atenção.
tratava-se de o assassinato de jesse james pelo covarde robert ford.
acreditem, é esse o título! e que já conta praticamente tudo do filme.
havia o jesse james, e daí chegou o robert ford, que era covarde. daí ford mata james.
haha, lógico que não é só isso.

jesse james era uma figura quase que folclórica. uma lenda viva. homem sociável e carismático, o fora-da-lei mais famoso dos estados unidos no século XIX. apesar de sua lista de dezenas de assaltos e assassinatos, jesse james nunca foi preso.
até que um dia, um jovem rapaz que ele acolheu em seu bando lhe da um tiro pelas costas. o rapaz, bob ford.
narrado de uma forma desconstrução do mito, o assassinato de jesse james mostra um jesse bruto, amoral e narcisista. na única cena de assalto do filme, jesse mata um cobrador de trem sem oportunidade de se defender porque ele não quis abrir um cofre. noutra, jesse espanca um garoto para que ele lhe desse uma informação que não possuía. jesse tortura psicologicamente, mata pelas costas após sorrir pela frente, é paranóico e cínico.
do outro lado, esta bob ford. o ingênuo, aos 19 anos, idolatrando aquele que passou a infância lendo sobre. ao entrar no bando de jesse james, bob percebe que seu deus vive ocupado na sua própria manutenção. bob é um fã ardoroso, sempre caçoado pela sua paixão, e doentio.
bob ford não quer ser apenas como jesse, ele quer ser jesse.
e quando as imperfeições de jesse james aparecem, bob torna-se ainda mais obcecado, e desprezível.

o filme é todo em tomadas longas, silenciosas, um western sem tiros.
a fotografia (impecável) alterna entra as cores quentes e a poeira do estado do missouri, cenas dos campos de trigos e casebres perdidos no meio do nada com a neve, o frio e a tensão das armas em punho permanentemente.



o "covarde" no título do filme, se dá por bob ter matado jesse com um tiro nas costas, desarmado, enquanto arrumava um quadro na própria casa.
mas no desenrolar das 2 horas de filme, a impressão é que jesse escolheu seu assassino, para além de amargar a morte de seu ídolo, levá-lo a desgraça, infâmia e jesse se eternizar como o herói.

brad pitt vive jesse james, com aquela perfeição e brilho de quem sabe o que faz. olhando com desconfiança pra todos os lados, jogando verdes e tentando descobrir onde pisar.
casey affleck é robert ford. e é capaz de contar toda a história de bob somente com o olhar. do garoto ingênuo e deslumbrado quando entra no bando, do nervosismo e inquietação, na incerteza ao atirar, e na decadência e conformismo quando é tido como o traidor de uma nação.

prepare-se para um filme longo, que ás vezes parece que esta testando sua paciência.
mas te joga nos ombros a história de vida e morte de dois homens vazios, tentando se encher de algo.
quem sabe deles mesmos.


ficha técnica
título: the assassination of jesse james for the coward robert ford, 2007.
duração: 160 minutos.
direção: andrew dominik
roteiro: andrew dominik, baseado em livro de ron hansen.

avaliação:

como o post ficou muito grande, falarei do segundo filme no próximo post.
 
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