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críticas de filmes por pessoas que simplesmente gostam de filmes, oras!

A Primeira Noite de um Homem


A Primeira Noite de um Homem foi um filme que causou o maior bafafá e entrou para a história cinematográfica como um clássico da comédia romântica. Falando assim parece um blockbuster bobo da vida, né? Não é.



A direção do filme foi a primeira coisa que me chamou a atenção. As tomadas são primorosas e criativas, com dezenas de detalhes que têm muito a dizer. A edição, inteligentíssima (creio que se não fosse por ela o filme poderia ficar maçante em alguns momentos). E a trilha sonora recheada de Simon & Garfunkel - de quem gosto muito desde pequena - proporcionou o clima perfeito para as cenas.

Dustin Hoffman, no seu primeiro papel importante, tinha 30 anos de idade e interpretava um mocinho virgem de 20 recém graduado na universidade. Totalmente perdido na vida, introspectivo e pressionado pela família e amigos dela. Descontente com tudo, mas mesmo assim tomado como um exemplo por todos. E aí começa a história propriamente dita. Ou melhor, a primeira parte dela.

Não se preocupem, não vou adiantar grande coisa. Apesar disso, é importante salientar que essa primeira parte do filme é minha favorita: o personagem de Hoffman, Ben, se envolve com uma mulher mais velha e casada, Mrs Robinson (interpretada pela classudérrima Anne Bancroft). A relação entre os dois rendeu falas antológicas, como a are you trying to seduce me, Mrs Robinson?, e cenas cômicas em que se mostrava toda a inexperiência e insegurança do Ben. Ótimas, ótimas.

A segunda parte é mais romântica, da categoria amor-quase-impossível. Na minha opinião o filme perde um pouco do ritmo nela, mas mesmo assim é bastante aprazível. Sem nada de pieguices ou vulgaridades, como acontece durante todo o tempo. É bonitinha e deve ter arrancado vários suspiros de mocinhas sessentistas e sonhadoras.

A história não muda a vida de ninguém, não inspira grandes projetos e nem rende grandes elocubrações. Mas vale muito assistir simplesmente porque o filme é bom, inteligente e divertido. Pra quê mais?


ficha técnica
título: The Graduate (1967)
duração: 105 minutos
direção: Mike Nichols
roteiro: Calder Willingham e Buck Henry (baseado em livro de Charles Webb)
curiosidade:
- Os papéis principais do filme foram recusados por várias estrelas da época como Ava Gardner, Robert Redford, Judy Garland e Ronald Reagan. Entretanto, os atores que os interpretaram (Dustin Hoffman, Anne Bancroft e Katharine Ross) foram indicados ao Oscar. Nenhum ganhou... O Oscar foi pela direção.


avaliação:

gummo.


quando eu tinha mais ou menos 14 anos, eu assisti um trailer que eu jamais me esqueci. o nome do filme era vida sem sentido e eu guardei pra sempre a cena do garoto com orelhas de coelho tocando acordeonzinho num banheiro, e uma vozinha sussurando life is beautiful, without it you'll be dead.

hoje assisti.
e sinceramente não sei o que dizer sobre ele.
se não fosse a presença de chloë sevigny, eu iria acreditar que aquilo era um documentário sobre a vida niilista de algumas pessoas na cidade de xenia, ohio, após ser destruída alguns anos antes por um tornado.
e eu quase afirmei isso com toda a certeza, quando numa cena em que dois irmãos "nazis" brincam de lutinha, e um deles olha toda hora pra câmera.
mas é um filme. escrito e dirigido pelo mesmo cara que escreveu kids, harmony korine.

não há história. o filme apenas mostra o que os jovens sem futuro fazem pra não ficarem entediados, e isso inclui matar gatos, fazer sexo com deficientes mentais e cheirar cola. o garotinho com as orelhas de coelho (nos créditos "bunny boy") é um elemento q no filme. aparece várias vezes, sem falar nada.
algumas cenas que parecem amadoras, mostram diálogos divertidos e descontraídos de quem não tem mais nada pra acreditar.
as casas são velhas, sujas, extremamente bagunçadas e ali todo mundo parece louco. a trilha sonora vai desde madonna a brujeria e slayer.

é um filme desconcertante. da vontade de assistir vezes seguidas pra tentar compreender direitinho o que querem passar ali.
mas na verdade, acho que não querem passar nada.


prepare to visit a town you'd never want to call home.



ficha técnica
título: gummo, 1997.
duração: 89 minutos
direção: harmony korine
roteiro: harmony korine

avaliação:

Idiocracy - perfeito para um dia de domingo


Eu quero falar do filme Idiocracy (2006). Ele é do mesmo criador do Beavis and Butt-head e acho que quem gosta desse tipo de comédia, e de Os Simpsons, vai encontrar a graça de Idiocrazy. O filme não passa de uma critica sobre o destino das sociedades atuais, e mostra que a comodidade e as coisas que dizem por aí que são boas podem se transformar em histerias coletivas e loucuras disseminadas.

Um casal inteligente e bem estruturado busca o melhor momento para se ter um único filho e criá-lo da melhor maneira possível. Uma família desestrutura procria como coelhos numa escala sem fim de ignorância. As avós são avós aos 30 anos. Os filhos se criam sozinhos num mundo maluco. Os anos passam e o mundo está super populado de imbecis.

Falando assim até parece que o filme é sério, mas não é. Talvez eu esteja fazendo uma análise da critica e não da comédia. Eu particularmente achei graça nas paródias, afinal eu acho graça em Os Simpson. O filme mostra os idiotas, principalmente americanos - mas não somente -, que acham que o legal é falar como os rappers e vestir-se como os rappers e portar-se como os rappers da televisão. Resultado: As gerações futuras só falam girias e palavrões e as girias e os palavrões se transformaram na linguagem acadêmica (quase como a moda bandida atual no Rio de Janeiro).

Além da fala, a comodidade toma conta do mundo. Tanto que eles inventam a praticidade de uma poltrona acoplada a uma privada e chips imbutidos de controle remoto. A geladeira também é imbutida ao sofá e os isotonicos, uma espécie de Gatorade super "benigno-com-todos-os-nutrientes-necessários", servem até para irrigar as plantações.

Não há razão para sair da frente da televisão. Não há motivo para pensar por si mesmo. As pessoas ficaram burras. Muito burras. Mais burras do que estão hoje – sim, é possível!

O filme é tosco, mas válido. E depois de umas cervejas pode ser até divertido.

A quem se interessar: clicar nas fotos abaixo é uma opção, comprar aqui outra.

Ficha técnica:
Título Original: Idiocracy
Cor: Colorido
Ano de Lançamento: 2007
Diretor: Mike Judge.

Avaliação:




Nome da loja de fast food



Dinheiro


Cartaz do filme

o grito.


agora eu vou contar de como algumas horas do meu dia se tornaram insuportáveis depois de assistir o grito.
eu gosto de filmes de terror, mas tenho medo. e não é só medo na hora do susto, fico num estado de "choque" alguns dias após ter visto o filme e tenho que me concentrar pra não entrar num estado de histeria.

a história do filme é assim: karen davis (sarah michelle gellar) é uma típica mocinha loira americana, que vai pro japão por intercâmbio e é voluntária de um centro social de apoio. também esta acompanhando o namorado (?), doug (jason behr). um belo dia, karen tem que substituir uma assistente social que não foi trabalhar, e segue rumo à casa da idosa que precisa de cuidados especiais. acontece que há algo estranho na casa, pois segundo uma lenda japonesa, quando alguem morre em um momento de extrema raiva é criada uma maldição. e ela jamais te esquece.
segue-se uma sequência de mortes e acontecimentos estranhos, visões e muito pavor. e karen fica obcecada pelos mistérios que envolvem a casa e até temendo pela própria vida, decide ir descobrir o que aconteceu de verdade.
o filme é todo rodado no japão mesmo, e eu que já morei lá tenho mais medo ainda, porque as coisas no japão são realmente assustadoras. um prédiozinho mais antigo e já faz pessoas cagonas como eu sair correndo.

não é um filme diferente de tudo que eu já vi. é aquele terror sugestivo, e graças a trilha sonora sabemos quando vamos levar um baita susto. os "fantasmas" não aparecem de verdade, e quando aparecem são por milésimos de segundos. e talvez por isso eu fico cagando nas calças.
assisti o filme sozinha, enquanto o moisa estudava na cozinha e a luana brincava com massinhas. assisti da maneira mais irritante, mas que pra mim funciona: passando rápido cenas tensas. sim eu passo, aumento a velocidade da cena em 2 vezes, e vejo tranquila, sem som mas ainda posso ler as legendas. ai quando algo aconteceu eu paro, volto e assito normalmente. nada de sustos grandes.
mas mesmo assim, quando o filme acabou e depois de ter visto todos os extras e ter certeza absoluta que aquilo era pura obra de ficção, fui tomar banho e tive medo das escadas da minha casa.
no banheiro, deixei a porta aberta e 3 luzes acesas. me arrepiei quando vi que poderia ver um vulto pelo box e deixei ele aberto. nunca, jamais entrar num cômodo escuro, sempre acender a luz antes. e pensar em coisas belas, ingênuas e bonitas.
como o desenho da cinderela.



cinderela cinderela, noite e dia cinderela...


ficha técnica
título: the grudge, 2004
duração: 96 minutos
direção: takashi shimizu
roteiro: stephen susco, baseado em roteiro de takashi shimizu

avaliação:

Festival do Rio


Dentre os que vão passar no Festival do Rio, taí um que me gerou curiosidade:



P.s: Amanda, tem novo do David Lynch, Inland Empire, que dizem ser o mais bizarro da carreira. Vamos morrer?

Sobre 200 cigarros - O filme do mês

Posso dizer que o filme 200 Cigarros (200 Cigarettes) arruinou com as minhas vésperas de ano novo para sempre, e que provavelmente irá arruinar a de qualquer um que assista ao filme. Para mim as coincidências são grandes demais para serem ignoradas. No filme a personagem principal - okay, não há um personagem principal - está dando uma festa na véspera do ano novo e é apaixonada pelo Elvis Costello. No filme ela entra em pânico porque acha que ninguém vai aparecer. A minha obcessão por Elvis Costello é óbvia, e o pânico de se dar uma festa no ano novo e ninguém aparecer é típico dos anfitriões. Isso até seria meio banal, mas ai tem o casal formado pela Courtney Love e o Paul Rudd que até o dia anterior eram melhores amigos, mas que descobrem – ela primeiro que ele – que há algo entre eles. Daí ela tenta seduzi-lo tentando ser sutil e superior – afinal isso nada tem a ver com amor. Claro que não. E isso gera cenas divertidas e saudosistas. Mas essas são apenas algumas coincidências pessoais.

O mais importante para mim é aquele sentimendo de sair na rua, livre para o que der e vier e as coisas boas irem acontecendo. Às vezes não tão boas – como cair de costas em cima de fezes de cachorro ou perder a virgindade para um idiota – mas até isso funciona no final. De resto é o sentimendo que todos compartilham, todos livres andando, indo a algum lugar, procurando alguma coisa ou alguém, com lugares para ir e nada para fazer. Encontrando e desencontrando pessoas divertidas, neuróticas, malucas e engraçadas. Os personagens são interessantes, a noite é ótima e as coisas acontecem. Isso pode parecer bobo, mas eu que odiava a expectativa das vésperas de ano novo passei a buscar o ano novo perfeito. O meu ano novo 200 Cigarros. E é claro que ele é utópico e jamais se transformará em realidade, e por isso digo que nenhum ano novo será o mesmo depois dos 200 Cigarros.

Muitos atores conhecidos fazem parte do filme: Cristina Ricci enquanto ainda era uma gordinha sexy, Ben Affleck de cabelo ruim, Casey Affleck, os já citados Paul Rudd e Courtney love, Janeane Garofalo, Kate Hudson e etc. Devo lembrar que Elvis Costello faz parte do filme. E que na trilha sonora tem Elvis Costello. E que esse é um filme divisor de águas. Principalmente se você acredita no rock e têm menos de 30 anos.



Lucy: In the five years we've known each other, have you once even ever considered having sex with me? Apart from tonight. You don't think I'm attracted to you.
Kevin: I don't think you're attracted to half the men you sleep with.
Lucy: You think I'm a slut!
Kevin: What? No.
Lucy: Yeah, you think I'm a big slut.
Kevin: I don't think you're a slut. A skanky little ho maybe, but never a slut.
Lucy: The truth is, you're afraid.
Kevin: What? I'm afraid. I'm, yeah, OK, you... I feel so naked right now. I'm totally afraid.
Lucy: It is so obvious.
Kevin: And so ridiculous.
Lucy: Prove it.
Kevin: I don't have to prove anything.
Lucy: I dare you. Kevin, I dare you to fuck me.

o chamado 2.

(este post contém spoilers. se acostumem, todos os meus contém)


eu acho que todo mundo já assistiu o chamado, ou pelo menos ouviu falar dele. ou da assustadora samara morgan, a menininha-assassina-coitada que não morre, não dorme e ainda mata quem vê um video que me causou arrepios.
no final do primeiro filme, rachel keller (naomi watts) descobre um jeito de desfazer a maldição e salva sua vida e a de seu filho aidan (um garoto quase-autista). nessa sequência, mostra a família 6 meses depois, refazendo a vida longe de onde tudo aconteceu.
e tudo parece caminhar pra tranquilidade quando um crime relacionado à fita, leva rachel a ver o ciclo de mortes reiniciado. só que dessa vez, samara não quer somente levar as pessoas após sete dias. ela quer algo além.
enquanto isso, rachel vê aidan adoecer cada vez mais, e sua dedicação materna é posta a prova. então ela descobre que para curar seu filho, teria que fazer aquela louca busca no passado da própria samara.

desde que comecei a ver remakes de terror japonês, descobri que a ideia nipônica mais os recursos de hollywood são ótimos. os filmes japoneses são mais arrastados, têm pausas para reflexões, as atuações são mais "brutas", efeitos visuais são precários. a diferença é gritante entre o chamado e o original, "ringu".
a idéia da sequência parecia ótima (por isso meu interesse), se não fosse por um única detalhe: o fantasma de samara é deixado de lado, serve apenas como pano de fundo.
os 107 minutos parecem três horas, cansa.
entedia, até.
o ponto positivo são cenas muito bem-feitas, como a que o garotinho aidan esta na banheira e a água espirra pelas paredes até o teto ou, uma das poucas que causa medo, a que samara arranha a parede do quarto de aidan.
fora isso, o resto é encheção.


"olá, mamãe!"


ficha técnica
título: the ring two, 2004
duração: 107 minutos
direção: hideo nakata
roteiro: ehren kruger, baseado em roteiro de hiroshi takahashi e livro de kôji suzuki

avaliação:

Bonequinha de Luxo


Creio que não tenho nenhum "filme da minha vida". Há vários e vários deles de que gosto muito, mas nenhum que eu possa dizer que é O filme. Então, escolhi um que me marcou bastante e com o qual me identifico demais nas entrelinhas: o Bonequinha de Luxo.



Conheci a história por acaso, quando resolvi comprar o livro do Truman Capote em que foi baseado. Me apaixonei. E embora a versão hollywoodiana não seja tão fiel assim ao livro (afinal, era preciso ser adequado à Audrey Hepburn e ter um final feliz), o filme é bárbaro.

A história gira em torno de dois personagens, Holly Golightly e Paul Varjak. Mas o enredo em si, pra mim, é o que menos importa no filme. Ele é previsível e bobinho, extremamente água com açúcar a la anos 60. O que gosto, o que realmente me fascina em Bonequinha de Luxo, são os personagens.

Paul (George Peppard) é um escritor fracassado que vive às custas da amante casada. É (pretensamente) bonitão e meio desajeitado, bem ao estilo estadunidense. Loser. E obviamente se apaixona pela Holly (eu disse que era previsível, não disse?).

Já a Holly, ah!, é uma belezura. Era uma menina da roça, que fugiu do marido 350 anos mais velho pra tentar uma vida mais glamourosa em New York. Lá ela seduzia homens pra conseguir presentes e o luxo de que tanto gostava. A chamaram de garota de programa por aí, mas não considero exatamente assim.

Apesar de fútil, tinha crises de depressão. E quando aconteciam, o que melhorava o seu ânimo era ir à Tiffany's pra ver pessoas distintas, objetos de desejo e se sentir em casa. Era tudo o que queria: encontrar seu lugar. Por isso tinha raros móveis em casa e não dava nome ao seu gato; não pertenciam um ao outro.

E assim ela seguia seus dias. Com lembranças do irmão querido, sonhos de uma vida melhor, milhares de festas, analgésicos e bebidas sem que nada disso a preenchesse. E aí é claro que ela se apaixona pelo Paul e blablabla. Vocês podem imaginar.

Pra mim a Holly é um dos melhores personagens do (pouco) cinema que já vi. Cativante, aparentemente superficial e com um mundo de desgostos por baixo. É lindo demais.


ficha técnica
título: Breakfast at Tiffany's (1961)
duração: 115 minutos
direção: Blake Edwards
roteiro: George Axelrod, baseado em livro homônimo de Truman Capote
curiosidades:
- Marylin Monroe foi cotada pra interpretar Holly.
- a belíssima música Moon River, tema do filme, foi composta especialmente para a Audrey Hepburn por Henry Mancini. Para ouvir:

avaliação:

Sunset Blvd



Quando pensei em um filme para representar todo o meu amor pelo cinema, o primeiro que me veio a cabeça foi Crepúsculo dos Deuses (Sunset Blvd, de 1950).

Assisti pela primeira vez sem saber muito sobre o que se tratava. João, meu marido, vivia dizendo que tinha uma narrativa parecida com – para mim um filme bem meia boca - Beleza Americana (American Beauty, de 1999). A semelhança é: os personagens principais, e também narradores de suas vidas, estão mortos antes do primeiro minuto do filme se completar.

Joe Gillis é um escritor falido na Hollywood dos anos 40. Vive perseguido pelas finanças e, num golpe do destino, vai parar na gararem de uma velha mansão semi-abandonada. A trama se desenrola e ele acaba conhecendo a dona da mansão – uma velha diva do cinema mudo. Diva mesmo. Diva em tudo o que uma diva pode e deve ser. Ele, como a maioria das pessoas, não a reconhece. Sabendo de sua habilidade como roteirista a diva pede-lhe que transforme seu script em um roteiro fabuloso. Ela deseja fazer sua volta triunfal ao cinema; e ele imagina que pode tirar algum dinheiro da situação. E assim corre o filme – ela sendo louca, ele sendo canalha. Se a velha louca não fosse uma verdadeira diva do cinema mudo – Gloria Swanson – no papel de Norma Desmond o filme não seria o espetáculo que é. E é nela que reside a minha paixão.

Atrizes do cinema mudo quase não piscam e a expressão corporal deixa claro que cada movimento é precisamente calculado. É uma coisa linda de se observar. Além disso, tratando sobre a decadência das velhas atrizes que vivem das glórias passadas, é preciso muita coragem para uma atriz encarnar alguém que tanto tem a ver com a própria história. Definitivamente o papel que eu faria se fosse atriz. Norma é louca, apaixonante, excelente atriz, e eu vivo dizendo que envelhecerei como ela - para terror do João. A cena em que os estúdios ligam para sua casa querendo pedir emprestado seu velho cadilac para uma produção e ela acredita que é um pedido de retorno para um grande papel em um grande filme é de cortar o coração. Ela se apaixonando desesperadamente por Joe Gillis enquanto ele tenta desesperadamente fugir dela é triste. A cena final, na escada da casa, deixa claro que jamais se farão divas como as de antigamente, e é de querer levantar do sofá e aplaudir. Bravo.

O filme tem aspectos bem interessantes: no caso o mordomo da Norma que era um velho diretor consagrado de cinema apaixonado e devoto, realmente era um velho diretor consagrado que já havia dirgido a atriz Swanson em outros filmes. Durante uma cena passada no natal, os personagens presentes na banda – no salão onde Valentino dançou – também foram alguma coisa no passado e depois descartados pelas novas regras de filmes pós-cinema mudo. É triste. É de partir o coração. E é sensacional.

Não pensem que vocês terão que baixar esse filme e que ele é dificil de encontrar. Esse filme está à venda em qualquer Submarino ou Lojas Americanas da vida – e não é nada caro. Eu recomendo de coração e confesso que personifico Norma Desmond sempre que assisto ao filme. E, rapaz, vira e mexe estou assistindo a ele. Filmão. Filmaço. Bate coração. Tum. Tum.

Ficha técnica:

Título: Sunset Blvd, 1950.
Duração:110 min.
Direção: Billy Wilder.

Avaliação:

o filme da minha vida.


sempre fui fã de cinema. sempre.
meu pais são amantes de cinema, desde pequena me acostumei a perder finais-de-semana na frente da televisão comendo pipoca. eu costumava dizer que o filme da minha vida ainda estava por vir. dizia isso até assistir clube da luta e mudar toda a percepção do mundo.
você riu disso? mas é verdade.
quando a rachel deu o tema do primeiro post, "o filme da sua vida", prontamente comecei a escrever um post imaginário de como foi assistir, praticamente sem respirar, aquele soco no estômago de uma menininha de 15 anos.
mas clube da luta foi apenas uma divisor de águas. eu não estou em nenhum dos personagens.
então fiquei tensa, eagorameudeus.

e arrumando minha filha pra ir pra escola veio a luz. como não tinha pensado no filme que pra mim é impossível assistir sem uma lagriminha pendurada nos olhos?
os garotos da minha vida é bobo, água-com-açucar. mas parte de mim esta em beverly, muito bem interpretada por drew barrymore.
bervely tem 15 anos, e no meio dos anos 60, engravida de um rapaz quase desconhecido. seus pais, com medo de que ela se torne uma mãe solteira, a obrigam a se casar com o motoqueiro tapado ray (steve zahn), pai da criança. e beverly vê seus sonhos de ir pra faculdade e se tornar escritora se despedaçarem na sua frente. mas para seu consolo, sua melhor amiga fay (a sempre brilhante brittany murphy) engravida na mesma época. e o desenrolar do filme é isso, as amigas grávidas, enfrentando problemas no casamento enquanto as outras meninas da sua idade vão a bailes.
beverly vai crescendo, e se desesperando.

a parte de mim que esta em beverly é pequena, assumo. eu não tinha 15 mas 18 anos, não era os anos 60 e sim o ano de 2002, engravidei do namorado e aceitei me casar com ele sem pensar duas vezes. e diferentemente de beverly, vivemos muito bem.
porém é impossível não me identificar com o desespero inicial, quando ela descobre que esta grávida, e as tentativas ridiculas de aborto. e também com as alegrias e agruras de ser mãe tão nova.

e apesar de ser um tema pra um dramalhão, os garotos da minha vida é um filme bem-humorado, sensível e leve.



ficha técnica
título: riding cars with boys, 2001
duração: 132 minutos
direção: penny marshall
roteiro: morgan ward, baseado em livro de beverly d'onofrio

avaliação:

primeiro post.


filminhos que veremos.
vai ser legal ok, meninas!
 
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