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críticas de filmes por pessoas que simplesmente gostam de filmes, oras!

Vamos começar com o pé direito


Filmes do Hitchcock. Eu poderia falar sobre os filmes do Hitchcock para sempre. Sou um clichê ambulante que ama, fala, respira e faz camisetas. Prazer, eu sou uma fã insuportável do Hitchcock. Comprei/baixei/importei todos o que pude, todos o que tive contato e que pude pagar. E vou ter que cair no clichê novamente e dizer que jamais detestei ou sequer desgostei de algum. Nunca. Sei que há os filmes mais fracos, mas eles são sempre tão bem cuidados e organizados que jamais poderiam ser considerados ruins, pelo menos não na minha opinião. É, é. Fazer o que? Um filme do Hitchcock é sempre um FILME do Hitchcock, e essa é a minha opinião.

Para evitar a repetição e quinze posts com todos os canecos de cerveja explodindo e gritinhos desnecessários de bravo, irei apontar meus dedos para os dois (só? tão difícil) que mesmo depois de muitas e muitas repetições ainda me fazem apertar o play e assistir como pela primeira vez toda vez.




ROPE (1948)



Em tempo real, pouquíssimos cortes (10 ao todo e seriam menos, porém o rolo de filme só dura 8 minutos), tomadas longas e perfeitas. Technicolor. O filme gira em torno de dois universitários que planejam o crime perfeito. O delito consiste em enforcar um amigo em comum, guarda-lo em um baú para livros no meio da sala de estar, convidar a mãe, o pai, o melhor amigo, a noiva e o professor intelectual da faculdade para uma festa, e em meio a piadinhas repletas de humor negro, não serem pegos.

Pra quê? Para provar que alguns poucos seres superiores devem ter o direito de matar seres comuns, tolos e estúpidos sem remorso. Quem são os seres superiores? Todos aqueles acima das noções de bem e de mal, certo e errado e que duvidam dos conceitos morais. Intelectuais que não precisam das normas da sociedade capazes de julgar o mundo através de suas grandes visões pessoais.

Há um clima de peça de teatro no filme. E a sensação que fica é que não houve corte algum e que tudo fora gravado de uma vez só. Os closes que Hitchcock dá na manga ou nas costas do paletó dos atores para a troca de filme passam desapercebidos. Tudo isso enquanto o telespectador se contorce no sofá torcendo para, mesmo que em meio a tantas pequenas suspeitas e climões, ninguém abra o maldito baú.

Outro detalhe é a sempre perfeita atuação de
James Stewart, queridinho do Hitch (ai a intimidade) e meu também. Perfeito como o mentor abelhudo dos rapazes que no fim se arrepende das teorias disseminadas a seus pupilos.

Mas sem spoilers.









REAR WINDOW (1954)


James Stewart está também no filme Rear Window, ou Janela Indiscreta (1954). Esse para mim é o filme mais rico em detalhes do Hitckcock e provavelmente o meu favorito.

Stewart é um grande fotografo destemido, acostumado a fotografar nas mais selvagens locações mundiais, e está limitado a uma cadeira de rodas após um acidente que lhe quebrou a perna.

Confinado em seu pequeno apartamento num bairro bastante peculiar e sem nada para fazer durante o dia, Stewart passa a observar a vida de cada um de seus vizinhos. E são vizinhos interessantes. Hitch não se poupou ao detalhar com pequenos fatos e cenas a vida da dançarina gostosa, do pianista solitário, da solteirona solitária, dos recém casados, das brigas domésticas e das brigas da vizinhança.

Apesar da câmera nunca deixar o apartamento e o único ponto de vista ser o ponto de vista de Stewart, Hitchcock conta tão bem a história de cada um que é natural passar a se interessar pelo que aconteceu com esse ou aquele vizinho. Afinal, aquele que nunca espiou pela janela a vida de alguém que atire a primeira pedra.

Okay. Sendo um filme do Hitchcock é provável que alguém cometa um assassinato. O crime perfeito.

E quando Stewart passa a observar o comportamento suspeito de seu vizinho vendedor de bijuterias e o rápido sumiço de sua reclamona e adoentada esposa, a idéia começa a pairar sobre a cabeça de todos sem se comprovar claramente. Tudo o que vemos é pela janela e durante as cochiladas que Stewart tira na alta madrugada. Não ouvimos gritos, serrotes, sangue, nada. Apenas saídas estranhas na madrugada e o já mencionado sumiço da esposa.

E que começem as investigações!

Para mim é o bastante para uma grande trama, riquíssima em detalhes e com grandes atuações (até mesmo da pouco bela Grace Kelly) e da engraçadissima enfermeira, sem mencionar vocês-já-sabem-quem. Afinal, Hitch era um diretor de atores que jamais os desrespeitou, mas que sempre fez valer as suas visões.

Isso sem mencionar as cores, o senso de humor, a câmera, as mãos que ficam suadas e com o reflexo involuntário de gritar com a televisão para que a mocinha se esconda ou para que alguém venha ao socorro de Stewart quando ouvimos os passos do suposto assassino entrando em seu apartamento escuro.


Mas não.
Sem nenhum spoiler.
Vejam, vejam.
Esses são muito mais do que recomendados, são obrigatórios.

 
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